domingo, 7 de setembro de 2014

Ministros e Lideres - será que existem cargos mais importantes na Igreja ?

Leitura Bíblica: Efésios 4.7,11,12- " E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres."

Introdução: Será que existem ministérios mais importantes do que outros ? O que a bíblia ensina sobre isto ? A origem da administração eclesiástica, como vimos no texto acima, deve ser creditada a Cristo. Foi ele quem escolheu os 12 apóstolos que seriam os lideres da Igreja que se iniciava. Os apóstolos por sua vez, inspirados pelo Espirito Santo, criaram outros cargos na Igreja. Precisamos entender que, isto não cria uma hierarquia, tipo piramide, como equivocadamente, alguns acreditam, e é adotado em algumas denominações. Outra vertente deste assunto, tem a ver, com quem escolhe os novos líderes. Este papel cabe a Igreja (membros), sob a orientação do Espirito Santo. E os cargos devem ser dados, a pessoas que tenham qualificações espirituais, como ensina o Novo Testamento. Pessoas que não se submetam a direção do Espirito Santo, e que não tenham uma vida de testemunho, não devem ser escolhidas para liderar. Como vimos no exemplo deixado pelo Mestre. Todo líder, deve passar por sua aprovação. Quando a Igreja se deixa dirigir pelo Espirito Santo, ela escolhe bem sua liderança.
Uma liderança dirigida pelo Espirito Santo, é uma verdadeira benção para a Igreja. Ao passo que, lideres presunçosos, orgulhosos, arrogantes e que não se submetam a direção do Espirito Santo, servem de escanda-lo e atrapalham o crescimento da Igreja de Cristo. Veremos neste estudo, o significado bíblico de cada cargo, e quais são suas qualificações e em que áreas devem atuar.

Não é fácil qualificar os vários ministérios e oficios mencionados no Novo Testamento, termos como Pastos, Presbítero, Bispo, que consideramos títulos são muito provavelmente maneiras diferentes de descrever a mesma função. Ministro e Diáconos são também traduções diferentes para a palavra grega diakonos. Certos cargos como apóstolo e profetas, foram exercidos estritamente por indicação divina através da prática de um dom espiritual, enquanto outros foram desempenhados, através de nomeações humanas (a igreja escolhia) aquelas pessoas que se enquadravam na exigência bíblica para determinada função (a vida de testemunho, era sem dúvida a principal exigência).

Vamos entender cada Função:

Apóstolos: Foram os expositores do evangelho. Representam o primeiro dom de ministério concedido por Deus. A palavra apóstolo e uma transliteração do grego Apóstolos (mensageiro, ou alguém enviado numa missão). Todos eles combinaram em seu ministério todas as funções que posteriormente, foram exercidas por várias pessoas (oficiais) das igrejas. Pedro é a figura principal entre os 12. Ele foi o que primeiro pregou o evangelho aos judeus em Jerusalém(no Pentecoste) e o primeiro a apresentar o evangelho aos gentios (como na casa do centurião Cornélio). É errado adotar este título em nossos dias, como alguns o adotam. Os apóstolos originais foram aqueles que estiveram com Jesus. Os requisitos para ser apóstolo eram: Ter estado com o Senhor (At 1.21,22)- Ter sido testemunha da ressurreição (At 1.22)- Ter visto o Senhor (1 Co 9.1)- Ter operado sinais, prodígios e milagres (2 Co 12.12). Vez ou outra surgem debates sobre a possibilidade de existirem apóstolos modernos. Se o termo for usado de maneira bíblica, não há esta possibilidade. Após a morte de João, a Igreja, jamais teve autorização para ordenar, novos apóstolos.

Evangelistas: As escrituras dizem, que todos os crentes foram chamados para proclamar as boas novas. A frase"outros para evangelizar" se refere a um ministério específico, especial. Por isto o evangelista é mais difícil de se identificar no Novo Testamento, porque quase todos os cristãos exerciam este ministério. Todos aqueles que estão ligados ao Mestre, tem a responsabilidade de propagar a mensagem do reino.

Pastores: Como nos apresenta o Velho Testamento, em diversas passagens, é aquele que apascenta o rebanho. O rebanho não é dele. Não é propriedade dele. E sim de Cristo. Sua função é estar a serviço do rebanho. O maior exemplo disso, é o próprio Tiago, que foi irmão de Jesus, o qual apesar de exercer está função, nunca se auto denominou bispo (pastor) na concepção de se estar acima de qualquer outro cargo. Ao longo da história da Igreja, muitos tem se equivocado em relação a este cargo, pois entendem de maneira errada que a Igreja existe para servi-los, quando biblicamente, eles é que devem servi-la (Mateus 23.11). Na concepção divina, não existem homens e nem cargos especiais. Todos tem o mesmo valor e devem sempre visar o crescimento do reino de Deus. Embora por sua responsabilidade, não somente os pastores, mas todos os cristãos darão contas à Deus de seus ministérios. A palavra Pastor somente é citada uma vez no Novo Testamento, em Efésios 4.11. Mas a metáfora pastoral é utilizada em  várias passagens bíblicas ( Mc 6.34; Jo 10.1-26; Hb 13.20) .
A figura do pastor, é usada para delinear, a relação que ele deve ter com a Igreja do Senhor. Está palavra expressa, confiança mútua, cuidado amoroso, total dedicação ao rebanho e sacrifício.
Muito diferente da maneira que tem sido empregada em nossos dias. Hoje é muito comum, alguns pastores desejarem serem servidos pela Igreja e não servi-la. Homens assim, podem até ter um título, mas aos olhos de Deus, não são considerados verdadeiros pastores, e sim lobos, e logicamente não tem seus ministérios reconhecidos por ele, mesmo estando diante do rebanho.

Mestres: Não fica muito claro se este termo representaria somente um cargo distinto ou simplesmente uma função. dos apóstolos e pastores (presbíteros). Este cargo está relacionado ao ensino da palavra.
Ensinar é um dom mencionado em Romanos 2.6,7- portanto qualquer crente que tenha este dom, pode ensinar. Paulo se refere a ele próprio como "designado pregador, apóstolo e mestre" (2 Tm 1.11).

Anciões e Presbíteros: Ancião era um título tomado emprestado das Sinagogas judias, no hebraico, Zaquem, que significa, homem mais, velho. Presbítero, no grego, tem o mesmo significado. depois de fundar novas Igrejas na Asia, Paulo nomeou Anciões para cuidar delas (At 20.17, 28; Tt 1.5; 1 Pe 5.1-4). Os Anciões, eram sustentados, por suas congregações, orientadas pelos apóstolos, as Igrejas deveriam lhes conceder honra dobrada ( Na cultura Oriental, o idoso era muito respeitado).

Bispos: A palavra grega episkopos (de onde se derivou a nossa palavra "episcopal") é traduzida como bispo. Uma tradução melhor, talvez seja, supervisor ou superintendente. Eles exerciam a superintendência da Igreja em relação ao cuidado pastoral e à disciplina. Seus deveres eram geralmente de natureza espiritual. As vezes são denominados pastores (At 20.28). No século I°, cada Igreja era governada por um grupo de Anciões e Bispos, de modo, que não havia apenas um obreiro para fazer tudo, como os pastores fazem em nossos dias. existia um grupo de homens levantados para zelar pela vida espiritual de seus membros. Hoje em muitas Igrejas, isto fica a cargo somente do pastor. Por isto vemos tantas ovelhas se desviando do caminho, pois é humanamente impossível alguém cuidar sozinho de todos os membros, e ainda cuidar de seu trabalho secular e família. Mesmo para um pastor que exerça seu ministério em tempo integral  está tarefa é pesada. o ideal seria dividir está responsabilidade com pessoas qualificadas espiritualmente para tal. Como nos mostra a bíblia.

Diáconos: No capitulo 3 de 1 Timóteo, encontramos descrições sobre este oficio. No Novo Testamento os deveres dos Diáconos, estão ligados à caridade e ao cuidado com os Órfãos e as Viúvas. A palavra vem do grego "diakonos", que significa, "servo". Os diáconos serviam então a Igreja, de maneira, que davam aos presbíteros, liberdade para cuidarem do ministério da palavra e da oração.

Presbíteros: o primeiro registro sobre presbítero está em Atos 11.30, citados como Anciãos. Pertenciam a Igreja de Jerusalém, e foram os que receberam a oferta enviada pela Igreja de Antioquia da Síria. Em outros textos, eles são encontrados, como dirigentes das novas Igrejas de Derbe, Icônio, Listra, Antioquia da Psídia e mais tarde Perge na Panfília, ordenados por Paulo e Barnabé para o exercício do cargo pastoral. Em Atos 15 temos quatro vezes referências a presbíteros. Neste texto, não aparece nenhuma vez a palavra "pastor" nem "bispo". Tiago irmão de Jesus, era pastor da Igreja em Jerusalém e não apóstolo. Logo sendo pastor era também presbítero.
Pedro se intitulava presbítero e ordenava que os presbíteros pastoreassem as Igrejas de Deus com amor e brandura. Pastorear é trabalhar de pastor logo presbítero e pastor.

Conclusão: A bíblia não reconhece poderes episcopais e nem hierárquicos, presbíteros ou Sínodos.
Jesus é a única fonte de vida e autoridade da Igreja. Ele é o único que tem autoridade total sobre ela ( Ef 1.20-23; Cl 1.18). A Autoridade dos pastores, na Igreja local é de um servo (Tt 1.7). Eles cuidam do rebanho, sem portanto, terem autoridade legislativa ( 1 Tm 3.5). Eles também não possuem poderes arbitrários (1 Pe 5.1-5). Pastores, presbíteros, bispos, anciões, e/ou quaisquer outro oficial da Igreja, devem cuidar dela Eles estão à serviço da Igreja de Cristo e não ao contrario. Devemos ama-los e respeita-los. Devemos nos colocar sob sua orientação, desde que, vivam de acordo com as escrituras. Se você tem um Líder (pastor), que não vive de acordo com a bíblia. Meu conselho é que procure uma Igreja séria. Onde você possa viver sua vida em Cristo, juntamente com seus irmãos, visando sempre o crescimento do Reino de Deus e sua intimidade com ele. Outra coisa, quando qualquer versículo bíblico, fala sobre "poder", ou "Dunamis",, carrega sempre o sentido de habilidade ou capacidade para desenvolver determinada tarefa. Nunca coloca à pessoa como alguém acima dos outros ou especial diante de Deus. Na Igreja primitiva não haviam "posições", mas sim "dons" e "ministérios". Quem presidia o culto, não o monopolizava, mas estava ali para cuidar da boa ordem do mesmo, visando sempre a glória de Deus. Tudo era feito de acordo com todos. Não havia supremacia de uns para com os outros. Isto foi diretamente condenado por Jesus. O Messias ensinou um conceito de hierarquia totalmente distinto do humano (Mt 20.20-28; Mt 23.1-11). Precisamos buscar o amadurecimento espiritual para não sermos enganados, e para termos condições de orientar outros para que se posicionem contra os abusos em nosso meio.

Jesus ensinou que a vida do crente é um todo. Não havia divisão. Todos viviam para mostra-lo ao mundo. A mensagem deles, deveria ser clara, em qualquer lugar que estivessem. Não existia cerimonialismo, muito menos exibicionismo, como é comum, vermos em algumas ocasiões.

Chamados de coluna da Igreja de Jerusalém, Pedro, Tiago e João, deram um grande exemplo de como liderar de maneira bíblica  (Atos 15): Houve um conflito judaizante, relacionado ao ministério de Paulo e Barnabé. Eles convocaram uma reunião (uma grande assembleia), chamada por alguns de Primeiro Concílio da Igreja Cristã. A conclusão do sério problema não veio por imposição dos "bispos" ou do "bispo" (pastor chefe), nem mesmo dos apóstolos, mas foi decidida por uma assembleia cristã, soberana, provando que o governo eclesiástico no Novo Testamento era democrático (nunca aceite imposições e nem abusos de liderança). A ultima palavra não veio do pastor e nem de nenhum dirigente. Mas da Igreja reunida em assembleia. Muitos lideres em nossos dias tem abolido as assembleias em seus ministérios, isto é um erro gravíssimo. o governo da Igreja é de Jesus. No final do concílio dirigido por Pedro, Tiago e João, prevaleceu a opinião da Igreja, dirigida pelo Espírito Santo, o que trouxe grande alegria na vida de todos os envolvidos. Isto prova que, as questões da Igreja, devem ser discutidas de maneira clara e amorosa, o orgulho e opiniões pessoais devem ser deixados de lado, visando o bem comum e a edificação do corpo de Cristo. É errado esconder dos membros, questões que são de interesse comum, Nenhum líder é dono da Igreja. Cristo é o cabeça da Igreja, que é o seu corpo. O governo da Igreja pertence a ele. Precisamos entender que, pessoas maduras espiritualmente, baseadas nas escrituras, devem ser responsáveis e participativas diante de Deus nas questões relacionadas a ela. Se eximir, ou se esconder não deve ser nunca o caminho escolhido pelo cristão maduro, pois de todos é a responsabilidade no serviço. assim como não existe cargo maior ou mais importante do que o outro, não deve ter também, no seio da Igreja, os "senhores absolutos da verdade" que decidem tudo sozinhos. Relações sobre quem manda e quem obedece, ou quem domina e quem é dominado, não são bíblicas. Não permita abusos. Fomos chamados para ser luz.