quinta-feira, 13 de março de 2014

Entendendo a figura do Pastor.

Leitura Bíblica : João 14.6,13- Respondeu-lhe Jesus: Eu sou, o Caminho, e a Verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.

Introdução: Talvez, uma das maiores dificuldades da Igreja de hoje, é compreender o papel dos que servem no ministério pastoral.

O Novo Testamento enfatiza o serviço cristão como agradável a Deus e como uma experiência de mutualidade abençoadora.
Será que alguns homens por terem um ministério específico, como é o ministério pastoral, são mais, santos ou tem mais acesso a Deus do que quem não exerce este ministério? Será que Deus ouve mais a oração de um pastor, do que a de um outro membro de seu corpo? Será o pastor um super crente?

Entendendo a luz da bíblia a figura do Pastor.

Apesar de estar claro que na igreja primitiva havia pastores (também chamados de bispos ou presbíteros) e diáconos reconhecidos pela comunidade (1 Tm 3), o papel deles é principalmente servir e não ocupar uma posição de superioridade e destaque em relação aos demais na igreja de Cristo.

Algumas igrejas fazem de seus pastores, seres acima do bem e do mal. é comum cobrir o pastor de honra e ignorar por exemplo, o aniversário de um outro irmão. é comum também achar que o pastor e mais santo do que os outros membros da igreja, que somente sua oração será ouvida, que ele sabe tudo de bíblia, que ele vai se assentar num lugar mais especial no céu etc...

Porque algumas pessoas não entendem o ministério pastoral a luz da bíblia? Podemos destacar dois motivos: primeiro por desconhecerem as escrituras, segundo porque a maioria dos convertidos de nossas igrejas são de origem católica. No catolicismo é comum a adoração a "santos", e a pessoa quando passa a fazer parte de uma igreja evangélica, muitas vezes demora a se livrar deste costume. Como na igreja católica a palavra do Papa, dos Bispos dos Padres etc, são quase inquestionáveis, a pessoa passa a adotar a mesma postura diante de seu pastor (por isto vemos tantos abusos nas igrejas). O próprio pastor, de tanto ser bajulado, passa a acreditar que ele é especial, e acaba invertendo os papeis. No lugar de servir a igreja, passa a querer ser servido por ela.

A figura de um intermediário, sempre existiu, mesmo nas culturas pagãs. O sacerdote era aquele homem, que ligava o mundo material ao "espiritual" Mesmo em Israel, a figura do sacerdote, era uma realidade desde os tempos mais remotos. Na verdade a palavra sacerdote ocorre centenas de vezes na Bíblia. Qualificado do adjetivo "sumo", o termo ocorre mais de 70 vezes no Antigo Testamento e mais de 80 vezes no Novo Testamento. O termo para sacerdote, no hebraico é: Kohen, encontrado também em inscrições fenicias.

Não se restringia somente aos sacerdotes de Israel, mas também, ao se referir aos sacerdotes estrangeiros.
Etimologicamente o termo vem de Kun, que da a ideia de ficar de pé. A implicação era porque o sacerdote ficava de pé quando ministrava as divindades.
No contexto israelita, a função sacerdotal, tão descrita detalhadamente no Pentateuco, principalmente no Êxodo, Levítico e Números, tinha contornos próprios.

Uma de suas funções, era através de sacrifícios de animais, restaurar as relações dos homens com seu Deus.
Fora da aliança estava o reino da morte e da desordem. Na aliança havia comunhão com Deus e vida.
Deus revelava-se a Israel e fez uma aliança com seu povo. Esta aliança era bi lateral, Deus cumpria sua parte, e o homem deveria fazer o mesmo. Uma das obrigações do povo de Deus, era se manter puro e limpo. Quando o homem pecava, fazia-se necessário, o sacrifício de um animal, que era escolhido pelo sacerdote, baseado no que a lei exigia. este animal era sacrificado no lugar do homem e oferecido a Deus, para que o transgressor fosse perdoado.

Por maior que fossem os sacrifícios, os homens voltavam a pecar, e era necessário repetir, novamente todo o ritual. o sacerdote também era aquele que orava pelo povo, ensinava as leis divinas, cuidava do tabernáculo, somente se ocupavam do serviço espiritual da nação e do cuidado com o tabernáculo.
o homem comum não tinha acesso a presença de Deus, por isso Deus instituiu representantes, que eram os sacerdote, para representar o povo diante de si. Somente os da família de Arão, podiam exercer o sacerdócio (Ex 28.1) e membros de outras tribos não podiam exercer funções levitas (Nm 8.14).

É claro que a posição hierárquica trazia privilégios. Os sacerdotes eram sustentados pelas doações do povo, mas não podiam possuir terras ( Nm 18.20). Suas vestes eram especiais e simbolizavam santidade, justiça e misericórdia de Deus para com seu povo.
Apesar de toda beleza e santidade do sacerdócio, infelizmente, a corrupção se manifestou entre os sacerdotes em vários momentos da história. desde o tempo de Arão (bezerro de ouro- Ex 32.24), passando pela monarquia (Os 4.6; Am 7.10), até os dias de Jesus (Jo 12.10).

Cristo abriu o acesso do homem á presença de Deus.

Como vimos, os homens, precisavam de representantes, que os leva-se a presença de Deus. O livro de Hebreus, capitulo 8, mostra que não precisamos mais de representantes humanos, para termos acesso ao Pai. Jesus inaugurou uma nova era. Através de seu sacrifício perfeito, não há mais necessidade de sacrifícios de animais, e nem mesmo de representantes humanos. Qualquer pessoa, independente da função que exerça na igreja, de seu grau cultural ou financeiro, de sua idade etc... tem aceso a Deus, através de Jesus. Cristo tornou-se nosso sumo sacerdote. Através de seu sangue, ele entrou no Santo dos Santos de uma vez por todas e obteve eterna redenção (Hb 9.12).

Hebreus 10.19-23, diz: "Portanto, irmãos, tendo coragem para entrar no lugar santíssimo por meio do sangue de Jesus, pelo novo e vivo acesso que ele nos abriu através do véu, isto é, do seu corpo. Tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus. Aproximemo-nos com o coração sincero, com a plena certeza da fé, com o coração purificado da má consciência, e tendo o corpo lavado com água limpa. Sem vacilar, mantenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, pois quem fez a promessa é fiel".

Conclusão: Imaginar que um líder espiritual (pastor ou não), ocupe algum espaço entre o cristão e Deus, é inaceitável a luz das escrituras. Ninguém pode se imaginar um ungido especial, coberto de plenos poderes e santidade. Como bem mostra o texto de Hebreus, não há distinção entre clero e leigos.
Um pastor não é um ser que especial. Ele não tem mais valor diante de Deus do que outro membro do corpo de Cristo. Embora alguns se aproveitam e distorçam as escrituras em benefício próprio, para tristeza da igreja. Um pastor não é um sacerdote, dono da igreja. Sua oração não é mais forte. Ele não tem plenos poderes diante de Deus. Sua função, e servir a igreja e não ser servido. Ele não pode se achar acima do bem e do mal. O pastor é um membro comum da igreja como outro qualquer.

Sua função é parecida com a de um técnico de um time. Ele deve ser um líder, um mestre na palavra, que equipa pessoas para servir, assim como ele deve servir, com excelência. É um grande erro, concentrar na figura do pastor, uma espiritualidade fora do comum. Como bem ensina Efésios 4.11-13: Deus designou pessoas com ministérios múltiplos para o aperfeiçoamento do corpo e para glória do seu próprio nome. Que ele, Deus, não divide com ninguém. Que Deus nos abençoe, e nos livre de todas as amarras, costumes e supertições, que tínhamos, antes de fazer de Cristo, o nosso Senhor e salvador. Não permita que homens naturais, se coloquem entre você e Deus. Ame e respeite seu pastor. Da mesma maneira que você deve amar e respeitar todas as pessoas. Um verdadeiro pastor sabe seu lugar e tem consciência do porque de seu chamado. Deus está interessado na sua vida, ele ouve a sua oração, da mesma maneira que ele se interessa pela vida de qualquer membro de seu corpo e ouve a oração de todos aqueles que o buscam através de Jesus. Não é o pastor o mediador entre você e Deus e nem qualquer outra criatura, e sim Jesus.

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